sexta-feira, 29 de abril de 2011

Software livre e software gratuito: a diferença


O Linux, como é do conhecimento de todos os adeptos da computação, vem se tornando um sistema operacional cada vez mais presente em nossas vidas, mesmo que indiretamente. Uma das razões para isso é que, além de sua qualidade, ele é um sistema que proporciona baixo custo em implementações pelo simples motivo de ser gratuito. Assim como o próprio sistema, uma variedade enorme de softwares encontram-se disponíveis sem ser necessário pagar nada por eles. É aí que entra em cena uma contradição da qual muitos não se dão conta: "vamos instalar tais programas em nossos computadores, porque eles são livres, não iremos gastar praticamente nada...". Não seria mais adequado dizer "vamos instalar tais programas porque eles são gratuitos"? Sim, com certeza seria, pois software livre e software gratuito não é a mesma coisa.
Software livre é um conceito de extrema importância no mundo da computação. De forma básica, quando um software é livre, significa que seu código-fonte está disponível para qualquer um e você pode alterá-lo para adequá-lo às suas necessidades, sem ter de pagar. Portanto, software livre é de fato gratuito, mas usar este termo somente para designar softwares sem custo é um erro grosseiro.
O software gratuito (freeware), por si só, é um software que você usa sem precisar pagar. Você não tem acesso ao seu código-fonte, portanto não pode alterá-lo ou simplesmente estudá-lo, somente pode usá-lo, da forma como ele foi disponibilizado. Isso deixa claro a diferença entre software livre e um sofware simplesmente gratuito. O software livre possui tanta importância que se não fosse assim o Linux não existiria ou ficaria restrito aos muros de uma universidade. Linus Torvalds, o "pai do Linux", quando criou o sistema, não quis guardá-lo para si só. Quis montar um sistema que atendesse às suas necessidades, mas que também pudesse ser útil para mais alguém. Fez isso sem saber que estava acabando de "fundar" uma comunidade: a Comunidade Linux.
Essa comunidade consiste em um número enorme de programadores e colaboradores no mundo todo que trabalham com um único objetivo: ter um sistema operacional robusto, confiante, dinâmico, e que, principalmente, esteja ao alcance de todos. A idéia é muito simples: para ser um sistema ao alcance de todos, todos podem colaborar, mostrar suas idéias, participar! Uma cabeça não pensa melhor do que duas? Imagine milhares! O simples fato de utilizar o Linux também faz de você um integrante da comunidade. 
Não é atoa que o Linux, a cada dia, vem conquistando novos usuários domésticos e cada vez mais atraindo empresas de todos os portes, que buscam um sistema confiante e barato. De quebra, podem alterá-lo para suprir suas necessidades e não precisam gastar com sistemas pagos e limitados.

Tudo isso tornou-se possível graças ao fato do Linux ser um sistema livre. Sua licença de uso é a GPL., sigla para GNUPublic License e é uma das formas mais conhecidas de distribuição de programas. A maior parte dos softwares para Linux é baseada na licença GPL. Vale dizer que uma licença é um documento que permite o uso e distribuição de programas dentro de uma série de circunstâncias. É uma espécie de copyright (direitos autorais) que protege o proprietário do programa. Tendo copyright, o dono pode vender, doar, tornar freeware, enfim. A Microsoft por exemplo, atua assim. Você tem pagar (caro) pelos programas e não pode utilizar uma mesma cópia para mais de um computador.
Em nosso caso, a licença GPL faz exatamente o contrário. Ela permite que você copie o programa, instale em quantos computadores quiser, veja, estude, altere o código-fonte e não pague nada por isso. A GPL não é simplesmente um texto que diz o que você deve fazer para desenvolver um software livre. É, resumidamente, um documento que garante a prática e existência do mesmo. Sua filosofia, consiste em defender vários pontos, dentre as quais, destacam-se os mais importantes abaixo:
· Liberdade para executar um programa para qualquer finalidade;
· Liberdade para estudar um programa, e adaptá-lo às suas necessidades;
· Liberdade de distribuir cópias e assim ajudar um colega, uma instituição qualquer;
· Liberdade de melhorar o programa e entregá-los à comunidade.

Para um software ter licença GPL, deve seguir essas quatro liberdades. Esta é uma licença pertencente à Free Software Fundation, que como o próprio nome diz, é uma organização que trabalha em prol do software livre.
É válido dizer que o conceito de software livre não se aplica somente ao Linux. Qualquer programa, independente da plataforma, pode ter código aberto. O navegador de internet Mozilla por exemplo, possui código fonte disponível tanto para Linux como para Windows e outros sistemas operacionais.
O software livre, sem dúvida, é essencial não só para a concepção e uso de programas, mas também por ser de grande importância em pesquisas e avanços tecnológicos, principalmente em países com problemas sociais. Larry Wall, criador da linguagem de código aberto Perl, disse exatamente isso numa entrevista concedida à revista Info Exame, no Fórum Internacional do Software Livre, realizado em Porto Alegre no mês de maio de 2003: "... para nós, dos EUA, escrever software de código aberto é quase um luxo, mas para muitos no resto do mundo é o único caminho acessível para o futuro".
Wall tem toda a razão. Imagine as vantagens que países com problemas financeiros podem ter com a adoção de softwares livres. Além de ter um sistema operacional muito confiável, o custo é baixo, o que permitirá, até mesmo, a inclusão digital para muitos que nem contato com computadores tem. Teriam um sistema operacional e programas de extrema qualidade, avanços na educação, formação de profissionais e contariam com todo o apoio da comunidade Linux. Para quê gastar milhões em dinheiro em softwares pagos (e limitados), "com prazo de validade", sendo que este dinheiro poderia ser investido em outros setores? A adoção do Linux tem um custo muito baixo. A implementação desse sistema pode sair muito mais barata do que a implementação de sistemas proprietários.
As vantagens do software livre são inúmeras. Além dos exemplos já citados aqui, há muitos outros. Qualquer programador experiente sabe, por exemplo, que todo programa está vulnerável a bugs (falhas no código-fonte). Isso acontece com qualquer software em qualquer plataforma. No caso do Linux, quando um bug é descoberto, o mesmo é rapidamente corrigido, simplesmente porque a comunidade vai trabalhar em cima deste erro e somente encerrarão o trabalho quando comprovarem que a falha já foi devidamente corrigida. Como exemplo disso temos o servidor Apache, que é usado em mais de 60% dos servidores web no mundo. Quando uma falha é descoberta, a correção é tão rápida que não é impossível que uma atualização esteja disponível antes mesmo de um site noticiar o bug. Ao contrário do que acontece com o servidor Internet Information Server, da Microsoft: um bug demora até meses para ser solucionado (e se solucionado!).
Pelo texto acima, fica claro que software livre é muito mais do que software gratuito. O futuro do software livre tende a ser cada vez mais promissor. Um número cada vez maior de pessoas e empresas estão conhecendo o Linux e suas vantagens. O software livre, conseqüentemente, só tende a crescer e se tornará tão presente em nossas vidas a ponto de virar uma evolução da computação propriamente dita.
Escrito por Emerson Alecrim - Publicado em 27/03/2003 - Atualizado em 10/12/2004
Fonte: Infowester

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