quarta-feira, 1 de junho de 2011

Empresas seguem passos de quem ‘curte’ na web

Por Amir Efrati em 28/05/2011 na edição 643

Reproduzido do Valor Econômico, 20/05/2011; intertítulos do OI
Os internautas clicam nos botões “Curtir”, do Facebook Inc., e “Tweet”, do Twitter Inc., para compartilhar conteúdo com os amigos. Mas essas ferramentas também permitem que esses sites coletem dados sobre outros sites que as pessoas visitam.

Os chamados widgets de mídia social, que aparecem acima de notícias ou ao lado de produtos em sites de varejo, notificam o Facebook e o Twitter que a pessoa visitou esses sites mesmo quando os usuários não clicam nos botões, segundo um estudo realizado pelo Wall Street Journal.

Esses widgets estão em todo lugar. Eles foram adicionados a milhões de páginas da web no último ano. Os botões do Facebook aparecem em um terço dos 1.000 sites mais visitados do mundo, segundo o estudo. Os botões do Twitter e do Google Inc. aparecem em 20% a 25% desses sites, respectivamente.

Dados da navegação

Os widgets, criados para facilitar o compartilhamento de conteúdo com os amigos e para ajudar os sites a atrair visitantes, são uma maneira potencialmente poderosa de monitorar os internautas.
Eles podem ligar os hábitos de navegação das pessoas com o perfil delas em sites de relacionamento social, que geralmente têm o nome do usuário. Um exemplo é que o Facebook e o Twitter sabem quando um de seus integrantes lê uma notícia sobre como pedir concordata no MSNBC.com, ou quando visita um site sobre depressão chamado Fighting the Darkness, mesmo que o usuário não clique nos botões “Curtir” ou “Tweet” desses sites.
Para isso funcionar, a pessoa só precisa ter se conectado ao Facebook ou Twitter uma vez no último mês. Os sites continuam coletando dados sobre a navegação, mesmo que a pessoa feche o navegador ou desligue o computador, até que a pessoa realmente saia de sua conta no Facebook ou Twitter, descobriu o estudo.

O Facebook, o Twitter, o Google e outros sites que têm widgets alegam que não usam os dados gerados pelos botões para monitorar as pessoas; o Facebook informa que só usa os dados para direcionar propagandas quando a pessoa clica no widget e compartilha o conteúdo com os amigos.

O Facebook e o Google, que tem um widget para seu serviço de relacionamento social “Buzz”, afirmam que tornam anônimos os dados sobre navegação, para que não sejam relacionados ao usuário que os gerou.

O Facebook afirma que os dados são apagados em 90 dias, enquanto o Google afirma que os apaga em duas semanas. Facebook e Google informam que usam a informação para avaliar o funcionamento dos widgets e ajudar outros sites a atrair visitantes. O Twitter afirma que não usa os dados sobre a navegação dos usuários e os apaga “rapidamente”. Um porta-voz disse que a empresa pode teoricamente usar os dados para “exibir conteúdo melhor” para seus usuários futuramente.

Efeito involuntário

As revelações sobre os widgets dos sites de mídia social surgem em meio à preocupação crescente com a privacidade na internet e nos smartphones. Congressistas americanos apresentaram pelo menos cinco projetos de lei para proteger a privacidade na internet este ano, com três deles almejando a criação de um mecanismo que permitiria às pessoas desligar o monitoramento.

Alguns defensores da privacidade já manifestaram suas preocupações, citando outros tropeços do Facebook e do Google na proteção da privacidade.

“Nossos hábitos de leitura na internet abrangem tudo que estamos pensando, opiniões políticas e religiosas, saúde e problemas de relacionamento”, disse Peter Eckersley, especialistas sênior em tecnologia da Electronic Frontier Foundation, um grupo de defesa da privacidade na rede. “Você realmente quer alguém invisível vigiando-o pelas costas enquanto você passeia pela biblioteca?”

Os criadores de widget dizem que a coleta da atividade na web dos usuários é um efeito involuntário de como as ferramentas funcionam. Para mostrar a um usuário o que seus amigos on-line “curtiram”, por exemplo, o widget precisa saber quem o usuário é. (Colaborou Geoffrey A. Fowler)

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