sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Copa do Mundo de 2014 terá 'gol da ciência brasileira', diz Miguel Nicolelis

Cientista quer que adolescente com prótese movida por ondas cerebrais dê o chute inicial do evento

Em menos de dois anos, no dia 12 de junho de 2014, enquanto o mundo assiste à abertura da Copa do Mundo no Brasil, um ser humano normal, mas com uma prótese, dá o pontapé inicial do evento futebolístico usando o poder da mente para mover pernas robóticas. Parece um filme de ficção científica, mas pode virar realidade.  

O neurocientista Miguel Nicolelis participa de um projeto multinacional chamado Walk Again, que quer que a Copa de 2014 seja aberta por um adolescente tetraplégico usando um exoesqueleto robótico que está sendo desenvolvido por sua equipe. Ele participou do R.I.A. Festival nesta quinta-feira (23/08) e comentou sobre o projeto, que pode receber apoios da Fifa e do governo federal.

Essa armadura movida pelo pensamento é a evolução de estudos antigos do neurocientista, que já conseguiu transformar atividade elétrica cerebral em movimento robótico - e inclusive fez com que um robô localizado nos Estados Unidos mexesse pernas biônicas no Japão, em tempo real.

Da mesma forma, uma pessoa com dificuldades motoras, usando apenas a força do seu pensamento, pode mexer a perna de um robô que nem precisa estar no mesmo local físico e controlar um exoesqueleto biônico que pode devolver-lhe os movimentos. 

"A ciência do século XXI vai possibilitar que entremos em ambientes com o pensamento que não foi possível alcançar com o corpo", afirmou Nicolelis, que acredita que no futuro vamos nos "libertar" do nosso corpo e poderemos expandir nossas mentes para mecanismos externos.

O neurocienta brasileiro, criador do Campus do Cérebro em Natal e pesquisador da Duke University, inclusive já provou em pesquisas recentes com macacos que é possível uma comunicação bidirecional entre o cérebro e um computador, fazendo que a mente controle estruturas digitais e que as máquinas possam criar em nós estímulos como o da textura. 

Porém, Nicolelis defende que a ciência jamais conseguirá criar uma máquina com o mesmo potencial do cérebro humano. "É impossível que o cérebro seja matematicamente simulado por uma máquina como um computador", afirma. A possibilidade do cérebro de se transformar - e, de certa forma, aprender - é algo que jamais será copiado por um outro dispositivo. "O cérebro é capaz de se automodificar. Ele tem plasiticidade para adaptar suas propriedades de acordo com o mundo em que vivemos", conta.

Um dos mais respeitados cientistas do mundo, Nicolelis foca sua pesquisa na recapacitação de pessoas com tetra ou paraplegia, tendo criado uma neuroprótese que identifica e repassa as ondas cerebrais e permite que uma estrutura robótica auxilie e devolva os movimentos a quem os perdeu.

É dessa forma que o neurocientista pretende fazer o pontapé inicial da Copa de 2014. "O chute inicial vai ser um gol da ciência brasileira", torce.

Fonte: Olhar Digital

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